Trauma Transgeracional em Sigmund Freud e Carl Gustav Jung

Antonio Maspoli

Introdução

Trauma transgeracional nas diferentes abordagens – analisa o trauma histórico na Psicologia Cognitiva a partir da apreensão do conceito de desamparo aprendido; avalia o trauma histórico transgeracional no pensamento de Sigmund Freud, especialmente sobre o complexo de Édipo; e fundamenta-se nas concepções de Carl Gustav Jung; na neurociência e epigenética, sobretudo nas pesquisas de Rachel Yehuda et al. (2015). Finalmente, as teorias são analisadas quanto à sua relevância, consistência e aplicabilidade no campo.

Trauma Transgeracional em Sigmund Freud

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No texto “Totem e Tabu”, publicado em 1913-1914, Sigmund Freud (2006a) utilizou-se dos levantamentos feitos por Frazer (1980), na obra “Um ramo de ouro”, sobre a religião totêmica indoeuropeia, com isso, procura conciliar suas teorias psicológicas, especialmente quanto à origem do complexo de Édipo, com base nnaquilo que observou   em sua clínica psicológica, com o comportamento daqueles povos ditos primitivos pesquisados na biblioteca por Frazer. Freud comparou tais dados com os fatos observados em seus próprios pacientes – isso tudo ainda à época da Primeira Tópica. A partir desse estudo e de suas suposições, Freud admite coincidências com a estrutura da personalidade do homem atual. Entre essas coincidências citamos  a teoria edipiana, os conceitos de culpa e outros.

O primeiro ensaio do livro “O Horror ao Incesto” trata do tema demonstrado no título. A pesquisa sobre a origem desse horror é realizada através dos totens e tabus das sociedades ditas primitivas. Freud afirma que os totens e tabus ainda existem, em nossa sociedade, sob forma psicológica. Se os totens e, principalmente, os tabus existem, e de maneira mais objetiva na infância, pode-se supor que ou foram criados na infância ou foram transmitidos pela cultura.

Não nos deteremos aqui descrevendo essas sociedades totêmicas, passando diretamente as conclusões  que Freud extraiu delas: a) a sociedade totêmica tem por objetivo a exogamia (proibir o incesto); b) o ritual totêmico visa à manutenção desse estado; as evitações complementam as restrições de relação sexual, pois alguns casos não se encaixam nas proibições totêmicas, mas são igualmente indesejados pela sociedade; c) em geral, as proibições totêmicas ocultam o sentido de serem dirigidas essencialmente ao filho homem; d) há a generalização do horror ao incesto naquelas sociedades; e) se há tanta proibição, deduz-se que há muito desejo de fazer o proibido; f) esse horror ao incesto é uma característica essencialmente infantil nos dias de hoje; g) esse comportamento é igual ao da vida psíquica de um neurótico (infantilismo); h) o comportamento de o menino sentir-se atraído pela mãe e irmã é corrigido pela resolução do Complexo de Édipo; i) Essa resolução funda-se na rejeição e repressão que o ser humano faz aos primitivos desejos. Os desejos primitivos do homem mantêm-se atualmente sob forte repressão. A repressão é a base da cultura. É o preço que o homem paga para ser civilizado. A conclusão óbvia, em decorrências desses postulados, é que a neurose é comum a todos nós.  Freud explica a continuidade do totem e especialmente dos tabus, pela transmissão intergeracional da psique coletiva, por intermédio da cultura.

Ninguém pode ter deixado de observar, em primeiro lugar, que tomei como base de toda minha posição a existência de uma mente coletiva, em que ocorrem processos mentais exatamente como acontece na mente de um indivíduo. Em particular, supus que o sentimento de culpa por uma determinada ação persistiu por milhares de anos e tem permanecido operativo em gerações que não poderiam ter tido conhecimento dela. Supus que um processo emocional, tal como se poderia ter desenvolvido em gerações de filhos que foram maltratados pelos pais, estendeu-se a gerações novas livres de tal tratamento, pela própria razão de o pai ter sido eliminado. (FREUD, 2006a, p. 159).

Freud utiliza o termo psique coletiva para explicar, desse modo, a continuidade, geração após geração, de certas proibições, como a proibição de parricídio, canibalismo e incesto. Anne Schützenberger (1993) afirma que Freud empregava a expressão psique coletiva para fundamentar sua teoria da transmissão intergeracional da regra da proibição do incesto, do horror que essa regra produz. A proibição do incesto é a base para a construção da teoria do Complexo de Édipo (SCHÜTZENBERGER, 1993, p. 17-18). “Uma tal compreensão inconsciente de todos os costumes, cerimônias e dogmas que restaram da relação original com o pai pode ter possibilitado as gerações posteriores receberem sua herança de emoção. ” (FREUD, 2006a, p. 160). E prossegue:

Uma reflexão mais demorada, contudo, demonstrará que não estou só na responsabilidade por esse audacioso procedimento. Sem a pressuposição de uma mente coletiva, que torna possível negligenciarmos as interrupções dos atos mentais causados pela extinção do indivíduo a psicologia social em geral não poderia existir. A menos que processos psíquicos sejam continuados de uma geração para outra, ou seja, se cada geração fosse obrigada a adquirir novamente sua atitude para com a vida, não existiria progresso nesse campo, e quase nenhuma evolução. Isso dá origem a duas outras questões; quanto podemos atribuir a quantidade psíquica na sequência das gerações? Quais são as maneiras e meios empregados por determinada geração para transmitir seus estados mentais à geração seguinte? (FREUD, 2006a, p. 159).

A transmissão intergeracional em Freud origina-se desses tabus ou desejos proibidos até hoje. Ele afirma que a espécie humana mantém impressões do passado distante, como traços de memória, e que há uma espécie de herança comum transmitida pela cultura. Com esse pressuposto, Freud assinala que o Complexo de Édipo, o medo da castração e a culpa que provocam várias neuroses modernas têm sua origem nos primórdios das hordas. Os jovens machos expulsos se rebelam contra a autoridade do velho macho da tribo, matando-o e redistribuindo as fêmeas entre si.

Freud faz analogia entre o tabu e a história da religião. Nessa analogia, ele compara a psicopatologia da gênese das neuroses humanas num campo da psicologia individual, enquanto os fenômenos religiosos fazem parte da psicologia grupal. Freud assevera que uma neurose nem sempre pode ser encarada como traumática e, na história do indivíduo neurótico, nem sempre é possível descobrir um trauma. Quando estudamos a história do indivíduo neurótico e não encontramos explicações, pode-se sustentar que a neurose foi desenvolvida por uma dinastia de neuróticos(FREUD, 2006b).

Os sintomas de uma neurose são resultados de certas experiências e impressões, segundo Freud: a) todo trauma ocorre primeiro na infância até o quinto ano de idade, como impressão da época em que a criança começa a falar; b) as experiências são esquecidas, não acessíveis à memória dentro de um período de amnésia infantil, só interrompida por resíduos mnêmicos isolados; c) relaciona-se com a impressão de natureza sexual e agressiva a danos precoces do ego (mortificações narcisistas) (FREUD, 2006b). Conforme Freud, as características dos fenômenos neuróticos são de dois tipos:

a) positivos: são tentativas de pôr o trauma em funcionamento mais uma vez, recordando a experiência esquecida e experimentando a repetição. Esses esforços são fixações no trauma como compulsão a repetir, sendo que sua base e origem históricas estejam esquecidas. Por exemplo, um homem que passou parte da infância com forte ligação com a mãe e atualmente esquecida, pode passar o resto da vida procurando uma esposa que ele possa se tornar dependente, ou seja, onde ele possa se apoiar; b) negativos: o objetivo é que nada dos traumas esquecidos seja recordado e repetido. Reações defensivas podem intensificar em inibições e fobias. (FREUD, 2006b, p.88-91).

Os traumas são experiências sobre o próprio corpo do indivíduo ou percepção de algo visto e ocorrido. Para saber sobre esses  pontos, é preciso fazer um trabalho de análise capaz de provocar conhecimento das experiências esquecidas e trazê-las de volta à memória. A base psicológica da vida sexual dos seres humanos (ou a que corresponde, mais tarde, na vida adulta) é completada precocemente por volta dos cinco anos e permanece adormecida num período de latência, até a puberdade, quando há o desenvolvimento da sexualidade. Essa base será o substrato sobre o qual o indivíduo adulto construirá seus relacionamentos sexuais.

O que foi reprimido não passa despercebido e tem que se defrontar com a resistência. Tudo que é reprimido é inconsciente. A consciência é uma qualidade que se liga ao processo psíquico apenas de passagem. O ego é principalmente pré-consciente, mas tem partes que são inconscientes. O id é a região mais antiga em nossa vida psíquica: o ego desenvolve-se a partir dele, mediante a influência do mundo externo. É no id que todos os nossos instintos primários estão em ação, e os reprimidos estão armazenados. Uma parte do conteúdo do id é absorvida pelo ego e elevada ao estado pré-consciente, outra permanece no id como inconsciente. Na formação do ego, algumas impressões e processos psíquicos são excluídos por intermédio de um processo defensivo. Processos inconscientes do id são levados ao nível do pré-consciente e incorporados ao ego, podendo seguir o caminho oposto e voltar para o id (FREUD, 2006b).

As impressões dos traumas primitivos são enviadas para o pré-consciente ou são devolvidas pela repressão do superego para o espectro do id. Há probabilidade que aquilo que opere na vida psíquica de um indivíduo possa incluir coisas que estarão inatamente presentes nele, de origem filogenética. O comportamento de crianças neuróticas com os pais, no Complexo de Édipo,só tem definição lógica filogeneticamente por vinculação com a experiência de gerações anteriores. A sobrevivência da tradição de um povo é desse tipo. E é uma tradição herdada e transmitida pela comunicação da cultura (FREUD, 2006b).

No período primitivo, depois de um tempo de lutas entre os próprios irmãos, os homens fazem um contrato social, com reconhecimento da obrigação mútua, introdução de instituições sagradas – primórdios da moralidade e da justiça. Estabelecem, dessa maneira, a regra da proibição do incesto, que será a base para a criação da cultura e das demais regras (FREUD, 2006b). Se a regra da proibição do incesto é transmitida de uma geração a outra por intermédio da cultura, trauma correspondente a

Trauma Transgeracional em Carl Gustav Jung

kronos

Na obra “A Dinâmica do Inconsciente”, Carl Gustav Jung (1914; 1998) dedica mais de 40 parágrafos ao tema dos arquétipos e, ainda assim, sem deixar a questão totalmente esclarecida. Nesse livro, Jung afirma que os arquétipos constituem uma paráfrase do eidos (ideias) de Platão, porém conferindo outra conotação ao conceito de arquétipo. Em Jung, o arquétipo ganha o conteúdo de representação coletiva que faz referência a vivências culturais, de caráter mais universal (JUNG, 1998, p. 139). Jung afirma que se utiliza também das ideias de Santo Agostinho para desenvolver sua teoria dos arquétipos.

Como bem se sabe, a Filosofia Medieval desde Agostinho – da qual tomei a ideia de emprestada a ideia de arquétipo – até Malebranche e Bacon, ainda se encontra em terreno platônico, embora na escolástica já desponte a noção de que os arquétipos são imagens naturais gravadas no espirito humano. (JUNG, 1998, p. 140).

Em 1914, Jung emprega, pela primeira vez, a palavra arquétipo (JUNG, 1998). Anteriormente, Jung utilizava os termos imagem primordial e imagem arcaica, de Jacob Burckarti, para se referir ao que posteriormente chamou de arquétipo. O fato de ter-se utilizado do conceito de Jacob para referir-se aos arquétipos deu origem a uma opinião errônea, segundo a qual Jung pressupõe, com o arquétipo, a hereditariedade das representações psíquicas. Jung procurou retificar e mesmo refutar esse ponto de vista, em várias passagens de sua obra. Portanto, o termo arquétipo só é válido nesta pesquisa à luz da teoria de Jung (GOMES, 1988).O arquétipo é a base para se compreender o conceito junguiano de inconsciente pessoal e coletivo. O arquétipo é base desses constructos teóricos e especialmente de memórias coletivas.

Devemos incluir no inconsciente também as formas a priori inatas de intuição, quais sejam, os arquétipos da percepção e da apreensão que são determinantes necessários e a priori de todos os processos psíquicos. Da mesma maneira que os instintos impelem o homem a adotar uma forma de existência especificamente humana, assim também os arquétipos forçam a percepção e a intuição a assumirem determinados padrões especificamente humanos; os instintos e os arquétipos formam o inconsciente coletivo. (JUNG, 1998, p. 137).

A psicologia analítica postula, por conseguinte, que os conteúdos do inconsciente coletivo são os arquétipos, que seriam probabilidades psicológicas que favorecem a aquisição da cultura, desde os tempos primordiais, podendo ou não ser percebida pelo conhecimento consciente. Os arquétipos são padrões mnêmicos e formas de apreensão de redes neurais que podem ser atualizados pela cultura. Em outras palavras, os arquétipos correspondem ao sistema operacional do sujeito, que lhe possibilita desvelar o software da cultura (JUNG, 2000). “Os arquétipos são formas de apreensão, e todas as vezes que nos deparamos com formas de apreensão que se repetem de maneira uniforme e regular, temos diante de nós um arquétipo, quer reconheçamos ou não o seu caráter mitológico” (JUNG, 1998, p. 141). Modernamente, os arquétipos são comparados a modelos computacionais.

Voltando agora à analogia da mente na linguagem das operações de computador, chegamos ao segundo estágio principal do processo. Quando os dados estão reunidos, o programa começa a ser processado no computador. Faz perguntas e indica direções; ‘Se isto […] então isto […]. Se não isto, passe a próxima possibilidade’. Agora, os processos de fatoração lógicos, intelectuais, apriorísticos na mente humana assumem precedência. Estas são as categorias de Kant – seus conceitos puros de compreensão. Ao contrário do programa do computador moderno, intercambiável com qualquer número de outros planos e software, que podem ser postos a funcionar num único ambiente de hardware, temos, no entanto, de imaginar um computador com um programa básico de controle. Este programa contém os conceitos gerais que representam a nossa compreensão. A consciência consiste de genera. Os dados da informação, em estado bruto, ou o material fornecido da experiência nos são fornecidos, mas se não tivermos uma palavra para descrevê-los – um conceito – não os conheceremos. (NAGY, 2003, p. 85).

Os arquétipos são uma possibilidade de apreensão de imagens e informações originais, como vestígios de um passado distante da humanidade. Estes são uma espécie de quadro geral de referência cultural do inconsciente coletivo. Arquétipos são os conteúdos do inconsciente. Jung alude a arquétipos parentais (pai e mãe), a anima e animus. Como todos os arquétipos são universais arcaicos, emergem do inconsciente por meio de sonhos, fantasias, imaginação ativa, crenças religiosas, mitos e contos. Conforme Jung (2014), a anima é a presença psíquica de aspecto feminino no homem, o animus é a presença psíquica do aspecto masculino na mulher, enquanto o self é a totalidade da psique. Os arquétipos constituem as bases dos conteúdos do inconsciente coletivo.

O conceito de arquétipo – como representação psicológica do instinto – explica o aspecto universal dos padrões de comportamento humano, tal como o esqueleto que estrutura e dá base ao corpo. Embora todos tenhamos a mesma anatomia e fisiologia, não há um ser idêntico ao outro. A maneira como cada pessoa atualiza os arquétipos depende das vivências pessoais, educacionais e socioculturais. Em cada época, os arquétipos mudam a roupagem, como se apresentam, embora seu dinamismo básico permaneça o mesmo. (RAMOS; MACHADO, 2006, p. 42-43).

Arquétipos são estruturas psíquicas representadas por um símbolo, com uma carga emocional forte. Essa carga emocional pode ser positiva ou negativa. O arquétipo é um elemento essencial para o desenvolvimento interior, é o organizador da vida psíquica do ser humano. Jung acreditava que a vida do homem é dominada por arquétipos. Os mais poderosos deles são de responsabilidade dos pais. Os arquétipos estão interligados por links transgeracionais. Eles podem também ser vistos como o elo entre o mundo interior e exterior, dessa forma, criando a noção de psique como totalidade. O arquétipo é a forma como cada neonato reage à determinada experiência que vivencia. O arquétipo não é uma ideia inata, mas apenas possibilidade psíquica inata das ideias (JUNG, 2014).

Assim, por exemplo, a mãe adquire sua força e influência peculiar em nossa vida não primordialmente de uma mulher em particular, mas a partir do vasto repositório da experiência humana herdada de mãe – ou seja, do que Jung chama de arquétipo da mãe. O arquétipo, então, é um potencial de energia psíquica inerente em todas experiências de vida tipicamente humanas, sendo ativado com um foco único em cada vida individual. Estas forças serão modificadas de acordo com as infinitas variedades de experiência – aparecendo no que Jung chama de complexos – mas sua energia e força derivam-se do próprio arquétipo. (EISENDRATH; DAWSON, 2002, p. 102).

Os arquétipos são, para Jung: a) a condição de uma verdadeira consciência, infundida de significados, contra a pura e incompreendida percepção daqueles que devem ser os estados inconscientes; b) os estados inconscientes, por sua vez, são o alimento, o combustível para o processo psíquico. A informação apreendida pelo psiquismo deriva, em última instância, dos arquétipos. (NAGY, 2003, p. 169). Utilizando a linguagem computacional, fica mais fácil compreender o arquétipo:

Ao contrário do programa de computador moderno, intercambiável com qualquer número de outros planos de software que podem ser postos a funcionar num único ambiente de hardware, temos, no entanto, de imaginar um computador com um programa básico de controle. Este programa contém os conceitos gerais que representam nossa compreensão. Os dados da informação, em estado bruto, ou o material fornecido da experiência nos são fornecidos, mas se não tivermos uma palavra para descrevê-los – um conceito – não os conhecemos. (NAGY, 2003, p. 85).

A psique, em Carl Gustav Jung, é a totalidade dos processos psíquicos, sejam esses processos conscientes, sejam inconscientes. A psique compreende, entre outros constructos, o inconsciente coletivo e o inconsciente pessoal. O inconsciente coletivo é construído pela memória coletiva transmitida culturalmente geração após geração. A existência de formas e temas semelhantes, em grupos diversos, corrobora essa hipótese de Jung (JUNG, 1920). O inconsciente coletivo divide-se em duas instâncias psíquicas: aquela instância cognoscível, que pode emergir na consciência, correspondendo às memórias explícitas; e aquela instância incognoscível, que permanecerá para sempre desconhecida para o sujeito e que corresponde às memórias implícitas. Sobre os padrões de comportamentos inscritos nas memórias implícitas é que se constroem as relações sociais e também a transferência e a contratransferência.

O reino do implícito, como o local de descanso de experiência emocional, especialmente as primeiras experiências emocionais, dá origem a muita coisa que nós experimentamos na transferência e contratransferência. Produz também as respostas imediatas que geram comportamentos de transferência intensos. É do reino do implícito que tais mecanismos de projeção podem surgir e manifestar-se durante a terapia. (WILKINSON, 2010, p. 67).

Foi em 1912 que Jung explicitou sua teoria sobre o inconsciente coletivo. Ele supôs que existe um inconsciente mais profundo do que aquele inconsciente individual. Para Jung, o inconsciente coletivo é a base dos elementos, comum à cultura de todos os povos, através dos tempos. Do inconsciente coletivo brotam os símbolos que se manifesta em religiões, ritos, mitos, lendas, etc.

O inconsciente coletivo é composto de arquétipos que aparecem nos sonhos, nos delírios, nas fantasias, na imaginação ativa e nas artes pictóricas. O conceito de arquétipo insere a mente humana na dimensão simbólica e social: “Criar um universo simbólico é conceder a realidade imediata um caráter de ausência, mas é também integrar a realidade dentro do sujeito” (AUGRAS, 1967, p. 7). A mente, de acordo com Jung, é também uma construção social.

Do mesmo modo como o indivíduo não é somente um ser isolado e separado, mas também um ser social, assim a mente humana não é algo isolado e complemente individual, mas também uma função coletiva. E assim como certas funções ou impulsos sociais estão, por assim dizer, em oposição aos interesses egocêntricos do indivíduo, também a mente humana possui certas tendências e funções que, em virtude de sua natureza coletiva, se opõem, de algum modo, as funções pessoais. (JUNG, 1920, p. 451).

Jung (1920) cita como exemplo, entre outros, da experiência comum da psique coletiva, transmitida culturalmente, as crenças em espíritos, a fé em Deus, o mito do herói, o mito da grande mãe, o mito do bode expiatório. Esses mitos são encontrados nas mais diversas culturas humanas.

Jung considera o inconsciente coletivo como aquele caudal inesgotável da cultura dos povos, a fonte das produções míticas, artísticas e religiosas dos povos. Nesse sentido, o grande tronco cultural de onde brota os ramos das produções artísticas (literatura, música, pintura, escultura, religião etc.) é o inconsciente coletivo. Assim, o inconsciente coletivo manifesta-se, na cultura, por meio dos sonhos, da fantasia, da religião, etc. Com o conceito de inconsciente coletivo, Jung transformou a relação do homem com o passado e o inseriu na teia da história cultural.

Este fato é válido tanto para a nossa história pessoal, e o modo como a vemos, como para a história cultural. Um dos traços distintivos do trabalho de Jung consistiu justamente na maneira como ele concebeu a inclusão do indivíduo na história cultural, ou melhor, em como propôs a articulação da história cultural no íntimo da pessoa. Por meio da introspecção, o indivíduo poderia rever não apenas sua história pessoal, mas ainda a de sua cultura e a história cultural surgia sob nova luz. Segundo essa nova leitura, a história cultural deveria formar a base de uma nova psicologia. Tal perspectiva foi possibilitada pelo surgimento de noções mais amplas de memória, na segunda metade do século XIX. (SHAMDASANI, 2005, p. 202).

O que se chama de memória ancestral, em Jung, pode facilmente ser identificado como memória coletiva. Ou seja, resquícios de fatos e das sensações correspondentes podem ser transmitidos de uma geração para a outra, por meio da cultura, especialmente das representações coletivas, da produção cultural. Nas representações coletivas, podemos incluir o conceito de inconsciente coletivo e o conceito de arquétipo: “Esses traços das experiências ancestrais estão presentes no inconsciente, que contém um registro da experiência evolutiva da espécie. ” (SHAMDASANI, 2005, p. 209).

Diferentemente de Freud, Jung postula que o trauma pode não ter uma etiologia essencialmente sexual, mas suas origens podem ser encontradas na própria tragédia da experiência humana. O trauma pode ser o núcleo de um complexo. Um trauma histórico pode ser o núcleo de um complexo cultural.

Se uma experiência da vida (como um trauma precoce) for acompanhada por um intenso afeto, todos os elementos perceptivos e mentais associados a essa experiência se acumularia em torno desse afeto, formando com isso um complexo intensificado pelo sentimento. (Consulte Jung, 1907, parágrafo 82). Os complexos intensificados pelo sentimento são unidades funcionais básicas da psique, e, como os afetos humanos são universais, esses complexos tendem, na sua forma mais regredida, a assumir certas formas “arcaicas típicas” – consequentemente arquetípicas. (KALSCHED, 2013, p. 168-169).

Thomas  Singer e Samuel L. Kimbles  (2004) asseguram que na gênese do complexo, pode-se encontrar um trauma vivido na realidade ou mesmo na fantasia. Na origem do complexo cultural, encontra-se um trauma histórico, coletivo e vivenciado pelo grupo e transmitido através da cultura, de forma implícita e explícita para os seus membros.

Na base de um complexo, encontra-se um trauma, um choque emocional, ou algum incidente análogo, um conflito moral. Em algum momento, diante de um desses eventos, para se proteger, houve uma cisão na psique, o trauma foi retirado da consciência e mergulhou no inconsciente, gerando um complexo. Assim como o sintoma pode ser a representação psicológica de um conflito ou de um trauma, o complexo pode ser a representação psicológica do trauma (JUNG, 1974).

O trauma tansgeracional encontra-se na base do complexo cultural. O grupo traumatizado pode reagir ao complexo cultural por meio de um sistema de defesa psicológico. Assim, um grupo traumatizado pode produzir um sistema de defesas psicológicas cujo objetivo é proteger o grupo ou o espírito coletivo do sofrimento. O sistema de defesa psicológico, contudo, parece ineficaz para a proteção psicológica do sujeito. O indivíduo traumatizado pode, muito bem, receber carinho e proteção, no seio do seu grupo e de seus líderes, e sentir-se seguro, por um lado, mas, por outro – e ao mesmo tempo –, pode sofrer as torturas inerentes ao trauma coletivo, em nível individual, como se ele mesmo houvesse vivido esse trauma, na sua experiência pessoal (SINGER, 2004).

Tal grupo traumatizado com suas defesas do espírito coletivo podem se encontrar vivendo com uma história que se estende por várias gerações, vários séculos, ou mesmo milênios com experiências repetitivas, experiências dolorosas que corrigem esses padrões de comportamento e emoção em que os psicólogos analíticos conhecem como “complexos”. Os complexos do grupo criam campos bipolares da mesma forma que os complexos pessoais ativam ou constelam a realidade externa que divide o mundo interior. A vida traumatizada do grupo é incorporada à vida interior do indivíduo através de um complexo grupal – o que pode ser confundido com um complexo pessoal. (SINGER, 2004, p.19).

O ego do sujeito se identifica com o grupo e com seu complexo cultural, como uma defesa contra o doloroso isolamento produzido pelo complexo pessoal, nessas circunstâncias. Os limites entre a dor grupal e o sofrimento individual permanecem precariamente definidos.

Complexos culturais estruturam a experiência emocional e operam na psique pessoal e coletiva, da mesma forma que os complexos individuais, embora os seus conteúdos possam ser bastante diferentes, como os complexos individuais, os complexos culturais tendem a ser repetitivo, autônomo, resistir a consciência e acumular experiências que confirmam seu ponto de vista histórico. Complexos culturais também tendem a ser bipolar, de maneira que, quando são ativados, o ego do grupo se identifica com uma parte do complexo inconsciente, enquanto a outra é projetado para fora, para um outro grupo adequado. Indivíduos e grupos nas garras de um determinado complexo cultural tomam, automaticamente, uma linguagem corporal comum e posturas ou, expressam sua angústia em queixas somáticas semelhantes. Finalmente, como os complexos pessoais e os complexos culturais fornecem uma certeza simplista sobre o lugar do grupo no mundo em face das incertezas de outro modo conflitantes e ambíguas. (SINGER, 2004, p. 20-21).

Considerações Finais

O trauma pode ser transmitido por intermédio das memórias coletivas. O que importa, neste caso, não é só o conteúdo da história/estória contada, sim o afeto correspondente transmitido pelo sujeito da narrativa. O conteúdo afetivo é o núcleo e a força da narrativa na experiência traumática. O afeto impregna e apreende o sujeito que ouve a experiência traumática. Quando o sujeito ouve uma experiência na primeira infância facilmente pode projetar-se na narrativa e vivenciar o afeto como uma experiência de vida. Quando uma criança é transportada para a cena traumática  pela memória coletiva ela pode ser traumatizada. Se a história for repetida, a criança pode ser retrauamtizada.  (WILKINSON, 2010, p. 64-65).

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